Mais um ano os três Clubes Navais, Clube Militar Naval, Clube do Sargento da Armada e o Clube de Praças da Armada, se reuniram à volta deste projecto a criação da Medalha do Dia da Marinha 2019, este ano dedicada à Primeira Viagem à Volta ao Mundo – 1519 – 1522, por Fernão de Magalhães.
A volta ao mundo de Fernão de Magalhães se notabiliza por ter sido a primeira ocasião em que ocorreu a circunavegação registrada na história mundial, o que provou na prática que a Terra tinha formato esférico.
O responsável pelo feito foi o navegador português Fernão de Magalhães (c. 1480 – 1521). Membro da pequena nobreza, Fernão foi criado no corte portuguesa, sendo educado durante o auge dos Descobrimentos. Inicialmente, ele estaria em algumas missões feitas em nome de D. Manuel I (1469 – 1521) nas Índias e Ilhas Molucas, mas em breve estaria lutando por conta própria em Marrocos. Sabendo de algumas atividades questionáveis de Fernão durante este período, o rei de Portugal negou-se a dar qualquer recompensa. Magalhães foi servir então ao imperador Carlos V (1500 – 1558), apresentando-lhe sua ousada proposta de uma rota alternativa para alcançar as cobiçadas Ilhas Molucas – localizadas na atual Indonésia -, que eram ricas em especiarias. Como, na época, era Portugal que dominava o caminho marítimo oriental que era utilizado para chegar à região, o navegador propôs que fosse feito um percurso ocidental, contornando-se as Américas.
Tratava-se de uma adaptação do mesmo projeto feito anos antes pelo genovês Cristóvão Colombo (1451-1506), mas já com o conhecimento do novo continente. A proposta de Magalhães, então, era fazer o contorno pelo sul, atingindo outro oceano e chegando às Ilhas Molucas, provando dessa forma que elas estavam dentro dos limites designados para a Espanha mediante o Tratado de Tordesilhas. Carlos V interessou-se pela proposta, concordando eventualmente em bancar grande parte do custo da expedição. Por fim, Magalhães – juntamente com seu sócio, o cosmógrafo português Rui Faleiro, além de cerca de 240 homens distribuídos em cinco caravelas – partiu em 20 de setembro de 1519.
A expedição chegou em poucos dias nas Ilhas Canárias, abastecendo-se na ilha de Tenerife, passando logo depois pelo arquipélago de Cabo Verde, onde seriam atingidos por uma calmaria que atrasou os navios por algum tempo. No início de 1520 os navios já se encontravam próximos ao Rio da Prata, onde temporais começaram a atormentar a expedição. Pouco depois da parada designada para os meses de inverno, Magalhães enfrentou um violento motim, que desejava retornar para a Espanha por não acreditar que a viagem fosse obter sucesso. Pouco depois de derrotar a insurreição, o navegador atravessou a região atual da Patagónia, passando a seguir pelo estreito que posteriormente ganharia o seu nome. Apenas em novembro os navios chegariam ao que agora conhecemos como Oceano Pacífico, onde a tripulação começaria a adoecer devido à escassez de alimentação. Em abril de 1521, na região das atuais Filipinas, Magalhães morreria durante um confronto com os nativos. Caberia ao novo capitão, o espanhol Juan Sebástian Elcano (1476 – 1526) comandar as duas caravelas restantes em direção às Ilhas Molucas, aonde chegaram em novembro de 1521, depois de vinte meses de viagem. O retorno à Espanha se iniciaria no mês seguinte. O Cabo da Boa Esperança foi cruzado em maio de 1522, mas o último navio, trazendo a bordo os 18 homens sobreviventes, só chegaria em Espanha no dia seis de setembro.