Para escrevermos o livro “Clube do Sargento da Armada – Uma História de Luta e Resistência” que agora apresentamos, tivemos de percorrer e vasculhar a vida do CSA, desde o seu início até ao presente, e de contactar muitos dos seus dirigentes. Os presidentes de Direcção, ainda estão todos vivos e só três não deixaram o seu contributo escrito, embora, depois de entrevistados, também tenham deixado o seu contributo, informando-nos de factos e experiências que decorreram nos seus mandatos ou que deles tivessem tido conhecimento.
Ao percorrermos a vida do CSA, várias vezes nos interrogámos das razões que terão existido para que o CSA se tenha constituído, desenvolvido e tornado esta grande Instituição que todos elogiam e reconhecem como obra importante.
De toda a análise e estudo que fizemos, de todo o conhecimento que obtivemos do contacto com dirigentes, poderemos afirmar, quase sem receio de errar, que o CSA e a sua obra já realizada se devem, fundamentalmente, a três razões ou causas:
1ª – Ter acontecido essa madrugada libertadora, essa grande mudança na nossa História, o 25 de Abril de 1974, para o qual os sargentos também contribuíram. Sem esse grande acontecimento, teria sido muito difícil, quase impossível, ter-se constituído este CSA. Abril possibilitou a concretização do projecto cimentado em profundas aspirações por várias gerações de sargentos, indo ao encontro de um espaço de convívio, de debate e de cultura que dignificasse os sargentos e a sua classe.
2ª – Ter tido, desde o seu início, equipas de dirigentes, constituídas por homens sérios, honestos, dedicados e decididos a dar vida a esse projecto. Estes dirigentes têm servido e continuam a servir o seu Clube, de forma voluntária, altruísta, recebendo apenas em troca a satisfação de bem o servir, promovendo e elevando social, desportivamente e culturalmente a sua classe. Como reconhecimento, deixámos inscritos neste livro, todos os seus nomes.
3ª – Ter tido, ao longo destes 39 anos, uma elevada participação colectiva e democrática dos associados, que com a coragem e determinação dos seus dirigentes, permitiu enfrentar inúmeros problemas, conseguindo-se erguer esta grande obra dos sargentos da Armada, o CSA. Só assim foi possível enfrentar as tempestades que se levantaram e manter o rumo certo.
Quando os problemas aparecem, estes são estudados, analisados e discutidos pelos dirigentes e, só depois de se encontrarem as melhores propostas para a solução é que se passa a acção. Se a resolução desses problemas estiver no âmbito da actuação dos dirigentes, estes procuram logo resolvê-los; se a solução ultrapassar o seu âmbito, a classe é convocada para analisar e discutir a proposta estudada pelos dirigentes.
Neste caso, a classe, na posse da proposta, analisa-a e discute-a em Encontros Gerais de Sócios ou Assembleias Gerais Marcadas para o efeito e, só depois de bem discutida e enriquecida com os contributos de todos, se passa à votação. Depois dessa proposta ter sido aprovada, “arregaça-se as mangas” e passa-se à acção para concretizar a proposta.
Foi este método de dirigir o Clube que consolidou a unidade da classe e a unidade desta com os dirigentes, o
que permitiu resistir e resolver tantos problemas, alguns muito graves e difíceis de ultrapassar, e poder continuar a reforçar a obra do CSA.
Como tal, da apreciação que fomos realizando, podemos dizer que a chave e o segredo do sucesso do CSA para ultrapassar as dificuldades
foram, e continuam a ser, a conjugação e articulação destas duas ultimas causas. Talvez por isto, mesmo num quadro tão difícil como aquele que hoje vivemos, o CSA continua a ser uma referência no âmbito da actividade sociocultural no associativismo militar, assim como, no meio associativo onde está inserido, continuando a ter êxitos, ao mesmo tempo que apresenta uma boa saúde financeira, como atesta o encerramento das contas do ano 2013, com saldo positivo.
Os dirigentes anteriores e os actuais podem confirmar o que aqui acabamos de expor. Como seria o Pais, se assim fosse governado?